Foto: Sérgio Vale 4n5q3z
Durante a segunda edição da caravana da BR-364, promovida pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) com parlamentares e autoridades federais, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no estado, Ricardo Araújo, explicou detalhadamente ao programa Boa Conversa, nesta quinta-feira, 05, como funciona a técnica do macadame hidráulico.
Segundo o gestor, a técnica é a solução considerada promissora para garantir maior durabilidade à rodovia federal que liga Rio Branco ao Vale do Juruá. A explicação foi dada durante uma visita a um trecho da estrada que utiliza essa tecnologia.
“O macadame é uma técnica que a gente tem de pavimentação. Eu lanço, sobre o pavimento existente, de 25 a 30 centímetros de pedra. Essa pedra vai desde um tamanho maior até o pó de pedra. O que ela vai fazendo? Ela vai se encaixando, e é como se eu estivesse aglutinando aquela rocha que virou pedra, eu transformo ela em uma rocha de novo”, explicou.
Segundo Araújo, o grande diferencial da técnica está na compactação das pedras e na drenagem eficiente da água da chuva: “Ela vai ficar tão compacta que toda a água que vier de baixo sai pelas laterais. Por isso o macadame não pode ficar enterrado. Ele precisa estar acima, porque com muita umidade a água volta. Então, para evitar isso, onde você faz o macadame, é um pavimento praticamente definitivo. Qual é a manutenção dele? Só a partir do sexto, sétimo ano”, destacou.
Em contraste, o superintendente apontou falhas nas técnicas tradicionalmente utilizadas na região, principalmente diante da alta umidade: “O pavimento com solo-brita, que é a mistura com argila, devido ao peso, se mistura com a pedra. Esse barro, que é o material que nós temos aqui, contamina a pedra, porque é argiloso demais. Viu a água, ele perde toda a resistência. Viram os borrachudos, e é o que nós vimos aqui”, observou.
Araújo destacou que os trechos feitos com macadame têm resistido melhor ao tempo e às chuvas. Como exemplo, ele citou o segmento próximo à ponte do Rio Caeté. “Esse trecho aqui foi feito em 2021. Tem um quilômetro e meio, e eu fiz mais um quilômetro para trás. Você tem aí um quilômetro e meio com esse pavimento, que está resistindo até hoje, sem nenhuma intervenção”, afirmou.
Sobre o volume de material necessário para construir um quilômetro com essa tecnologia, o superintendente explicou.“Nós temos aqui nove metros de largura por um quilômetro, mil metros, vezes a espessura de 0,30 ou 0,35. Isso dá mais de dois mil a três mil metros cúbicos de pedra. É muita pedra. E essa pedra vem toda de onde? Do Abunã. Um terço do custo é só transporte”, destacou.
Durante a visita, o deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) também comentou a tecnologia aplicada pelo Dnit.“Aqui é fundo de pedra, porque você tem base, tem sub-base. O macadame é a tecnologia colocada acima de todo o serviço já feito. E, portanto, ele impede a infiltração de água, e o que destrói o pavimento é justamente a infiltração. Todas as tecnologias tentadas até hoje não surtiram efeito em uma estrada na Amazônia, onde chove muito, como essa construída com o macadame”, pontuou.
Embora a técnica já seja conhecida dentro do Dnit desde 2012, Araújo explicou que sua adoção no Acre esbarrou por anos em critérios de investimento do Governo Federal:“Ela já é antiga, é de 2012. Nós temos um trecho lá na frente, de Tarauacá para frente, que já tem 12 anos sem manutenção. Mas isso depende de cada gestão. O Carlos tentou muito, mas ele pegou uma época em que só se investia em estradas que tivessem retorno financeiro. E o Acre não tinha. Aí, hoje, a gente trouxe os analistas de Brasília para cá, para eles verem o quê? Que aqui tem gente. E o maior recurso dessa estrada são as pessoas, é garantir o ir e vir. Aí eles mudaram o entendimento e adotaram o macadame no último ano de projeto”, ressaltou.
Por fim, o superintendente reforçou a importância da união entre instituições para garantir a continuidade do projeto. “Esse projeto está aprovado. Nós não podemos perder essa oportunidade. Temos que estar unidos, fazer essa união, continuar marcando presença, para que, mesmo que mude a gestão, a luta pelo macadame continue. Isso não é uma obra que vai ser feita em um ano nem em dois”, concluiu.