Durante entrevista ao programa Médico24horas nesta segunda-feira, 2, a pediatra intensivista Renata Veiga fez uma série de alertas sobre o avanço das síndromes respiratórias em crianças no Acre. Ela destacou o aumento de casos graves de bronquiolite entre recém-nascidos, especialmente em Rio Branco, e chamou atenção para o impacto da baixa cobertura vacinal, agravada pela desinformação no pós-Covid. A médica também defendeu a ampliação de políticas públicas e educação em saúde para prevenir infecções respiratórias, ressaltando ainda o papel da tecnologia no atendimento remoto e a importância das novas vacinas contra o vírus sincicial respiratório. Em outro ponto crítico, Renata apontou a desnutrição infantil como fator agravante de internações em municípios isolados, como Santa Rosa do Purus. 5u5k4n
Formada em Manaus, Amazonas e casada com um acreano, Veiga ressaltou a importância da tecnologia no atendimento de saúde, destacando o papel do WhatsApp como ferramenta eficiente na comunicação com pacientes. Segundo ela, o aplicativo tem sido fundamental para esclarecer dúvidas, orientar mães e evitar que situações simples evoluam para quadros mais graves. “Hoje em dia, a tecnologia tem que servir para ajudar a gente, né? E o WhatsApp vem nesse sentido. Muita coisa que antes fazia as pessoas buscarem atendimento imediato, agora elas conseguem resolver com uma mensagem, um vídeo, uma orientação”, explicou a profissional.
Renata enfatiza que, em muitos casos, a simples troca de mensagens tem evitado visitas desnecessárias aos postos de saúde, o que contribui para a redução da sobrecarga nas unidades e melhora o direcionamento dos atendimentos.
“Antes, a mãe chegava desesperada no consultório. Agora, com uma mensagem, conseguimos orientar e até resolver o problema à distância. Também conseguimos indicar o local certo para atendimento, se é uma emergência ou se é possível esperar, quais medidas podem ser tomadas em casa”, afirmou.
A médica pediatra intensivista que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica de Rio Branco alertou para um aumento expressivo nos casos de bronquiolite, especialmente entre recém-nascidos. Segundo a profissional, neste ano o número de internações de bebês com menos de dois meses tem chamado atenção das equipes médicas.
“Estamos recebendo muitos casos de bronquiolite. O que nos chamou atenção neste ano foi que a faixa etária diminuiu. A bronquiolite é típica de crianças com menos de dois anos, mas agora temos muitos bebês com menos de dois meses. Muitos têm 20 e poucos dias, um mês e pouco… Os mais ‘velhos’ que estamos atendendo têm 3 ou 4 meses, o que está sendo exceção”, explicou a médica.
Ela aponta que a maior circulação de vírus respiratórios após o fim do isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 pode estar relacionada a esse cenário. A queda na adoção de medidas básicas de prevenção, como higienização das mãos e o uso de máscara, contribuiu para o aumento dos casos.
“Desde que saímos do isolamento da Covid, muita coisa foi deixada de lado. As pessoas relaxaram com os cuidados. Hoje há grande circulação de vírus, e os irmãos mais velhos desses bebês estão nas escolas, o que facilita ainda mais o contágio dentro de casa”, ressaltou.
Durante participação no programa, a profissional abordou a circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) e as ações que vêm sendo adotadas para combatê-lo, especialmente entre gestantes e recém-nascidos — principais grupos de risco para as formas graves da infecção.
Segundo a especialista, duas vacinas recentemente desenvolvidas têm se mostrado altamente relevantes na prevenção de complicações causadas pelo VSR. A primeira é a Abrysvo, indicada para gestantes entre 32 e 36 semanas de gestação. “Essa vacina é aplicada ainda durante a gravidez e tem o objetivo de proteger o recém-nascido logo nos primeiros meses de vida”, explicou. No entanto, a vacina ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo oferecida apenas na rede privada.
A profissional ressaltou que a imunização tem sido recomendada por muitos obstetras, já que o VSR pode causar quadros graves, como bronquiolite e pneumonia, além de internações e, em casos mais severos, até levar à morte.
A médica pediatra Renata Vega chamou a atenção, em entrevista recente, para o aumento de casos de bronquiolite em bebês durante o período de maior circulação de vírus respiratórios, que ocorre nos primeiros meses do ano. Segundo a especialista, a doença afeta principalmente crianças de até dois anos de idade, sendo que os menores de um ano são os mais vulneráveis às formas graves.
“Em teoria, a bronquiolite acomete até os dois anos. Mas, neste ano, notamos que os bebês mais novos são os mais afetados. E o risco de contaminação é maior justamente neste período de sazonalidade”, explicou Vega.
Além da bronquiolite, outras doenças respiratórias têm atingido as crianças acreanas, como a pneumonia, a Covid-19 e a influenza A e B. De acordo com a médica, essas infecções podem evoluir para quadros graves, mas são em grande parte imunopreveníveis — ou seja, podem ser evitadas com vacinação. “A vacina da gripe, disponível gratuitamente pelo SUS, está indicada para todas as crianças a partir dos seis meses. Muitos pais ainda confundem, achando que se trata apenas de um resfriadinho, ou que a vacina causa gripe. Mas não é isso. A influenza é uma infecção viral grave, que pode levar à pneumonia, à hospitalização e até à UTI”, alertou.
A pediatra intensivista Renata Veiga fez um alerta sobre a baixa cobertura vacinal no Brasil, com destaque para os desafios enfrentados na Região Norte. Em entrevista recente, ela apontou que a confiança da população nas vacinas foi abalada após a pandemia de Covid-19, o que tem comprometido seriamente os avanços obtidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). “A cobertura vacinal era excelente. O PNI fazia o serviço dele, inclusive nos rincões, nos seringais. A gente só consegue erradicar doenças se todos colaborarem. Se uma parte decide não vacinar, mesmo quem se vacina não obtém o benefício completo. É um esforço coletivo”, afirmou a médica.
Renata destacou que, antes da pandemia, vacinas como a BCG eram aceitas sem questionamentos. “Quando um bebê nasce, ninguém pergunta se tem certeza que quer aplicar a BCG. Já com a vacina da Covid, a pergunta ou a ser: ‘Você tem certeza que quer vacinar?’ Isso gerou insegurança”, explicou.
Segundo Renata Veiga, a perda de confiança na ciência e nas políticas públicas de saúde é um dos legados negativos da pandemia. “A vacina foi feita para proteger. Basta olhar onde estávamos quando o Covid começou e onde estamos agora. Só quem viveu aquilo sabe a importância da imunização.”
Durante entrevista recente, a pediatra intensivista Renata Veiga destacou dois problemas cruciais que afetam diretamente a saúde infantil no Acre: a importância do diagnóstico preciso de vírus respiratórios e os impactos alarmantes da desnutrição em crianças, especialmente em regiões isoladas como Santa Rosa do Purus.
Segundo a médica, os avanços tecnológicos na área da saúde vêm permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos. “Hoje, com um simples cotonete, como o usado na época do Covid, conseguimos identificar diversos vírus respiratórios. Isso é fundamental não apenas para entender o que está circulando na população, mas também para direcionar o tratamento adequado”, afirmou.
Ela explicou que, ao detectar casos de influenza, por exemplo, é possível iniciar o tratamento com o antiviral específico, o oseltamivir. “Não é só achar que pode ser influenza. Tem que testar. Às vezes, o paciente está com outro vírus e tomando uma medicação que não vai resolver. Ou pior: deixando de tratar algo que poderia ser tratado”, reforçou.
Renata também abordou o perfil dos pacientes internados na UTI pediátrica onde atua, revelando uma realidade preocupante: a alta incidência de desnutrição grave, sobretudo entre crianças indígenas oriundas do município de Santa Rosa do Purus.
“É algo que me chamou muita atenção quando cheguei ao Acre. Em outras cidades onde atuei, como Manaus e São Paulo, não vi esse cenário. Mas aqui, especialmente em Santa Rosa, chegam muitas crianças indígenas com desnutrição severa, associada a quadros de pneumonia, diarreia e distúrbios eletrolíticos”, relatou.
A médica apontou que a desnutrição compromete diretamente a imunidade das crianças, dificultando a recuperação de outras doenças. “É um agravante enorme. A desnutrição enfraquece todo o organismo. Muitas vezes, a causa de internação é pneumonia ou infecção, mas a origem de tudo é a falta de alimentação adequada.”
Ela também relacionou o problema à dificuldade de o à saúde e à alimentação básica na região. “É uma área de difícil o, onde há escassez de frutas, de alimentos nutritivos, de atendimento médico. Essa realidade precisa ser enfrentada com políticas públicas sérias e investimentos contínuos”, concluiu.
A pediatra intensivista Renata Veiga fez um alerta sobre a prevenção das doenças respiratórias infantis e defendeu mudanças estruturais nas políticas públicas de apoio às famílias. Em entrevista, ela destacou que a prevenção precisa ir além das orientações pontuais, exigindo uma abordagem ampla que envolva educação, higiene e e social. “Como sociedade, temos que ensinar desde cedo a importância de lavar as mãos corretamente, usar álcool em gel e higienizar novamente após espirrar ou tocar o nariz. Esses são hábitos simples, mas essenciais”, afirmou a médica. No entanto, ela reconheceu que esses cuidados são especialmente desafiadores quando se trata de crianças pequenas. “Elas lambem o chão, compartilham brinquedos, têm muito contato umas com as outras”, observou.
Renata destacou ainda as dificuldades enfrentadas por mães que dependem exclusivamente de creches públicas para trabalhar. Segundo ela, enquanto famílias com rede de apoio ou filhos em escolas particulares conseguem manter a criança em casa quando está doente, essa não é uma realidade para todas. “É muito fácil dizer: ‘se está doente, não mande para a escola’. Mas e a mãe que não tem com quem deixar a criança? Ela precisa trabalhar. Uma criança em idade pré-escolar adoece com frequência. Se essa mãe precisar faltar ao trabalho uma semana por mês, ela perde o emprego”, explicou.
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