Durante a sessão dedicada à Nova Economia Florestal, realizada nesta quinta-feira (22) dentro da programação da 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force), o governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), falou sobre os desafios e as alternativas para o desenvolvimento sustentável na Amazônia. O evento, sediado em Rio Branco desde segunda-feira (19), reúne governadores, especialistas e representantes de diversos países para discutir soluções concretas de preservação das florestas e fortalecimento das economias locais.
Cameli destacou a importância da cooperação internacional e da união entre estados e países para que a Amazônia tenha voz ativa em fóruns globais, como a próxima Conferência das Partes da ONU (COP30). “Eu não só acho, como eu tenho certeza, para todos sentirem as dificuldades que também nós temos aqui no Estado, a importância que é cada Estado, cada província, cada país ter o direito de se conhecer cada vez mais, para que a gente possa juntos, como você mesmo mencionou, na COP30, irmos com pautas que sejam exequíveis para que a gente possa vencer os desafios, que é além de proteger o meio ambiente, mas é criar oportunidades para quase 27 milhões de amazônidas, falando da Amazônia brasileira”, pontuou.

Foto: Sérgio Vale
O governador abordou ainda os entraves e soluções para projetos de infraestrutura que respeitem o meio ambiente. “A legislação é muito clara. Nós temos a engenharia, projetos sustentáveis, projetos de rodovias ambientais, de ferrovias ambientais que não vão, de forma alguma, atingir o meio ambiente. Temos o Parque Nacional da Serra do Divisor, que nós respeitamos, mas nós temos alternativas. Por que não pensar em uma via Cruzeiro do Sul – Rodrigues Alves e Porto Walter? Vai aumentar o custo, vai aumentar um pouco a distância, mas nós temos que cumprir o que está na legislação. E essa é uma das alternativas”, salientou.
“Nós temos que diminuir a diferença, temos que diminuir o tempo de espera. E há, quando me refiro, obras e infraestruturas sustentáveis, infraestruturas onde possa bater de frente com o meio ambiente e soluções. Porque para isso há projetos. São rodovias sustentáveis, ferrovias sustentáveis. É isso que nós vamos defender”, acrescentou.
Reconhecendo os desafios atuais enfrentados pelo Estado, o governador foi categórico ao afirmar que ainda há muito a ser feito. “Com toda certeza, eu não estou aqui para dizer que nós estamos vivendo num melhor momento. Usando o meu ditado popular, nós estamos aqui para fazermos ações governamentais, que o poder público tenha que ter a humildade de reconhecer aquilo que precisa ser melhorado”, ressaltou.
Relembrando os episódios de fumaça e queimadas de 2023, Cameli afirmou que esse tipo de situação não pode mais se repetir. “Eu não posso aceitar e não quero isso para o meu Estado, nem para o meu país. Todos nós somos responsáveis. E quando eu digo todos nós, é o poder público, é a iniciativa privada, somos todos nós seres humanos. Não adianta também o mundo querer culpar a Amazônia porque não é a culpa da Amazônia. A culpa é de vários anos. O que cabe agora é ninguém atrás de culpado. É achar soluções que possamos evitar situações desagradáveis como essa”, observou.

Foto: Sérgio Vale
Ao falar sobre os objetivos do Acre nas discussões internacionais, Cameli voltou a destacar a urgência da ação. “Eu, sendo muito sincero, o objetivo, como sempre fui e sou, eu digo que é a oportunidade que as COPs terão, que é agora. Não adianta mais dizer que vai na COP31. É agora de realmente nós mostrarmos para a sociedade que os recursos e os financiamentos têm que chegar agora”, ressaltou.
O governador reforçou que a COP30 representa um ponto de virada nas negociações ambientais globais. “Tanto que a COP30, para mim, e aí não é um sentimento do governador Gladson Cameli, eu posso falar por mim, que sou governador, a COP30 é o momento decisivo para que todas as COPs possam ter aí o seu sucesso. Que agora é deixar de estar muita discussão e colocar para o executar”, pontuou.
Cameli também relatou sua experiência pessoal com os impactos das queimadas. “Falando de saúde pública, de cidadão, eu fui uma vítima da forte fumaça do ano ado. Então, aquilo que eu não quero para mim, eu não posso querer para o meu próximo. Nós temos que reconhecer, unir as nossas forças e avançarmos. Como eu estou dizendo, esse momento aqui do GCF, por mais que muitos, assim, possam ter as críticas, que aceitamos, mas é um momento de discussão, prepararmos as pautas para chegarmos na COP30 com pautas positivas e que realmente execute as pautas”, observou.
“A população não aguenta mais esperar. Nós que somos representantes e somos pessoas públicas, nós temos que ter ações que visam o homem amazônico. Eu não vou aceitar, aí mais uma vez, eu não quero só diminuir. Eu quero que a gente permaneça esse clima que aqui estamos nesse momento até o final do ano, e essa fase e desmatamento zero”, acrescentou.
Sobre a agenda mais importante do evento, Gladson respondeu com sinceridade: “No fundo do meu coração, por mais que amanhã cheguem todos os chefes de Estado, governadores, eu acho que a agenda, a semana toda, ela é importante. Desde o dia que foi aberto na segunda-feira. Porque está tendo um momento de discussão, as partes técnicas, as visitas de campo, o desenvolvimento sustentável. Foram, por exemplo, lá no Alto Acre, na Dom Porquito, por exemplo, visitar que há possibilidade de nós preservarmos, mas também ter uma industrialização sustentável para que possamos gerar emprego. Porque não adianta só nós, governadores, nós só chefes de Estado, querermos fazer se a parte técnica não estiver conscientizada, não estiver no diálogo aberto, sintonizado com os demais”, destacou.

Foto: Sérgio Vale
Para a comunidade internacional presente no evento, Cameli reforçou a mensagem de que é possível conciliar preservação e desenvolvimento. “Dá para preservar. E aí, quando eu falo preservar, não é diminuir desmatamento, é zerar desmatamento. Vamos mudar também para ter um agronegócio sustentável, fortalecido. E a imagem que nós queremos é mostrar para o Brasil e para o mundo, e que somos brasileiros, que nós temos essa capacidade de preservar e cumprir com todos os acordos internacionais”, ressaltou.
O governador encerrou reafirmando seu compromisso com a agenda ambiental e o desenvolvimento do Acre: “Eu não vou bater de frente, porque a pauta mundial é o meio ambiente. E principalmente agora, em COP30, na Amazônia, o Acre não vai bater de frente, vai fazer o seu dever de casa. Estou falando isso com muita tranquilidade, com muita firmeza e estou disposto, desde quando eu assumi o governo em 2019, levando um discurso do agronegócio em 2018, reafirmando que dá para produzir como dá para preservar. Mantendo as políticas de ex-governos ados no quesito meio ambiente e para manter o desmatamento zero, manter os acordos internacionais, para que a gente possa também gerar emprego e renda. Por isso que eu falo: a COP30, eu com toda a sinceridade, é o que eu estou depositando em todas as minhas fichas”, finalizou.